segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

GUILEJE - VAMOS FALAR VERDADE


C. CAÇ. 3325 - “COBRAS” DE GUILEJE
Ex-Alferes Silva







INTRODUÇÃO




Como ex-Alferes Miliciano da Companhia Independente de Caçadores 3325 – “COBRAS DE GUILEJE”, que em 1971 ajudou a defender Guileje, e ouvindo constantemente comentários e reportagens de pessoas que ignoram totalmente o que foi a Guerra do Ultramar, nomeadamente da nossa Zona de Acção de Guileje, não posso deixar de colocar, com verdade, algumas questões a todas as pessoas minimamente inteligentes deste País.

Muito se fala das dificuldades que os nossos soldados passaram no cumprimento das suas missões. É verdade, e é preciso reafirmá-lo repetidamente: “o facto de termos de nos ausentar da protecção e companhia da família, pais, namoradas, esposas, e filhos, principalmente, o clima tropical doentio, a alimentação, a manutenção de uma vida sã, são algumas delas”.

Uma forma de as esquecer um pouco, é manter o tempo ocupado. Para isso, temos o trabalho de reconstrução/construção de Casernas/Abrigo, novos postes de iluminação à volta do Quartel, colocação de novo arame farpado, capinagem constante à volta do Quartel e da Pista de Aviação, limpeza da zona das Bolanhas onde nos fornecemos nos poços a céu aberto de água para cozinhar e tomar banho (que nunca é pura e na época das chuvas é barrenta), a recolha de pedra numa pedreira para essas construções, etc. (ver fotos do antes e após o nosso trabalho).











Fotos nºs. 2/3/4-Estado do Quartel aquando da nossa chegada. Vedação a reconstruir, Caserna-Abrigo em construção e uma DO-27 caída junto à pista.





Para complicar e aumentar todos estes problemas, temos a actividade operacional. Tornou-se norma desta Companhia, a realização de patrulhamento constante, sem dia nem hora, percorrendo todos os locais da nossa Zona de Intervenção, por forma a surpreender o IN (a nossa ZI era comandada pelo Nino Vieira) e mantê-lo afastado do Quartel.
Procurámos no dia a dia, percorrer todos os trilhos conhecidos, e verificar se apareciam alguns novos. Paralelamente, tentámos encontrar e armadilhar todas as bases de fogos do IN. Sempre que o Quartel de Guileje era flagelado, no dia seguinte íamos procurar essa base armadilhando-a de imediato.

Tentámos pois, fazer sempre o melhor no cumprimento da nossa missão e com o mínimo de custos pessoais. É verdade que a nossa acção teve custos humanos, sim, e em memória desses heróis, limitamo-nos a respeitar a sua memória de uma forma sã, pois já nos basta o que sofremos.

O maior prémio que recebemos no final da comissão de serviço, consistiu no facto de podermos sentir a satisfação pelo dever cumprido.

Coloco aqui duas questões:

- Será que, para se fazer um juízo correcto, e informar devidamente o povo Português, não seria aconselhável ouvirem outras pessoas (nomeadamente o Coronel Parracho), que tendo cumprido galhardamente a sua missão neste Quartel como Comandante da Companhia de Caçadores 3325 – “COBRAS DE GUILEJE”, alargou a Zona de Acção até ao seu limite? E essa Zona era comandada pelo Nino Vieira.
- Por último, porque será que nas reportagens mostradas nas televisões, só se realçam as actuações dos nosso adversários combatentes do PAIGC, denegrindo a actuação das nossas tropas?

NOTA:
Chamo ainda a atenção para o seguinte:

Neste País, ainda não foi contada a verdadeira história do Ultramar Português por falta de coragem patriótica dos nossos governantes.
Não foi também contada a verdade sobre o assassínio de Sá Carneiro, embora todos saibam.
Não foi dita a verdade aos Portugueses e aos Estrangeiros, sobre quem matou o Dr. Amílcar Cabral. Que não foram os Portugueses, isso não, pois o próprio General Spínola estava em negociações/conversações com ele.





CHEGADA A BISSAU – 26JAN71



Cabe aqui referir como aspecto altamente desmoralizante, a “propaganda” negativa de Guileje, que foi feita por elementos das Forças Armadas, inclusivamente por Oficiais, durante o único dia de estadia da Companhia em Bissau, logo que o navio atracou, sem qualquer conhecimento da região e das dificuldades que nos esperavam. De realçar que, tendo chegado num dia à noite, e sem qualquer experiência de combate, fomos enviados no segundo dia para o pior Quartel de toda a Guerra Colonial.
O comando notou por isso, uma quebra nítida entre a disposição de toda a sua tropa um dia antes e um dia depois da chegada a Bissau, ùnicamente pelas razões apontadas, perdendo-se assim num dia, um trabalho de moralização de meses, obrigando a novo esforço no mesmo sentido, notando-se no entanto que se tinha perdido parte da confiança e alegria anteriores, o que só o tempo havia de voltar a dar. Podia afirmar-se, que o IN não precisava de fazer acção psicológica neste aspecto, pois tinha quem a fizesse embora inconscientemente.





GUILEJE – 30JAN71

Como comandante do 2º Grupo de Combate dos “COBRAS DE GUILEJE”, e após ter lido o artigo publicado no jornal “Correio da Manhã” de 25/02/2008, não posso, em homenagem a todos os mortos e feridos, e a todos aqueles que não têm voz que os defenda, calar a revolta que me vai na alma. Porque sofremos em silêncio desde 1972 (regresso da Guiné), sem que a verdadeira história do Ultramar Português se fizesse, mais não fosse por homenagem a todos os mortos (que não se podem defender) e a todos os feridos que, como já disse, não são ouvidos por ninguém (só o são pelos seus familiares, que muito têm sofrido com isso), e porque sentimos na pele os rigores, a dureza, os sacrifícios e a dor, motivados pelo árduo cumprimento da n/missão militar e patriótica em Guileje, desde Janeiro/1971, tenho obrigatòriamente que corrigir os factos, e as afirmações de pessoas que, no desempenho das suas funções, e tendo abandonado (fugindo) o nosso Aquartelamento, vieram mais tarde afirmar que tinham sido obrigados a fazê-lo por estarem a ser atacados por todos os lados. NÃO É VERDADE!

A verdade é que os combatentes do PAIGC, como não vissem qualquer reacção às suas flagelações ao Quartel, começaram a aproximar-se lentamente, até que, ao fim de três dias, como viram que não havia nenhuma reacção (a população abandonou com as tropas), entraram à vontade no mesmo.
Quem não souber o que aquilo era, até pode acreditar. Agora quem sabe, quem passou pelas mesmas situações mas trabalhou e não virou as costas, esses, apesar do sofrimento, sentem-se tristes com esta situação.

A minha introdução explica tudo isto. O aproveitamento pessoal de situações que o povo desconhece (inclui os Média), e a deturpação dos factos por vergonha da verdade.
Mas ao calar, estávamos a ser cúmplices do que se tem afirmado, e estávamos a deixar que meia dúzia de pessoas ridicularizassem e envergonhassem uma mão cheia de Militares, que se orgulham de ter defendido com honra as cores da Bandeira Nacional.

A confirmar o que acabo de dizer, basta assistir àquela novela que um Jornalista Português realizou e apresentou e está a apresentar em episódios na Televisão, filmado à volta da Guiné, Angola e Moçambique, mas entrevistando quase sòmente pessoas que tudo fizeram para ridicularizar de todas as formas a actuação dos Portugueses no Ultramar. Bem sabemos que aquele trabalho não foi feito por ignorância, mas sim direccionado para fins políticos.

E a sua intenção é: - “ocultar e disfarçar a cobardia de todos os Portugueses, que, arrastados pela degradação de valores que referi, julgam que ser democrático é criticar a História de Portugal e os Portugueses.

Para demonstrar que não somos iguais, vou falar um pouco sobre a nossa actuação no TO da Guiné e mais pròpriamente em Guileje:

Companhia Independente de Caçadores 3325 – “COBRAS” de Guileje






Oficiais:

Capitão Jorge PARRACHO (Coronel) – Comandante -Mafra
Alferes Adriano CUNHA (Coronel GNR) – 1º Grupo – Vila Real
Alferes Almeida e SILVA – 2º Grupo - Aveiro
Alferes Alberto ALMEIDA – 3º Grupo - Estarreja
Alferes Escalera RODRIGUES – 4º Grupo - Lisboa

Neste aquartelamento existia também um pelotão de Artilharia, comandado pelo
Alferes Cristina – Portimão
e
Um médico permanente:
Alferes Acácio Bacelar (Dr) - Oeiras

Furriéis Milicianos:

Marreiro António – 1º Grupo
Maximiano Sousa – 1º Grupo
Bernardino Vale - 2º Grupo (Falecido em 16/FEV/1971)
Plácido Silva – 2º Grupo
Artur Pimenta – 2º Grupo
Manuel Oliveira – 3º Grupo (Falecido em 18/ABR/71)
Mário Prada – 3º Grupo
Acácio Barosa – 3º Grupo (Transferido p/outra Unidade)
António Fragoeiro – 3º Grupo
João Noronha – 4º Grupo (minas e armadilhas)
Manuel Ferreira – 4º Grupo
António Bragança (2º Sargento) – 4º Grupo
Carlos Oliveira – 4º Grupo
Júlio Sequeira –Transmissões (Falecido em 17/MAI/71)
Alexandre Agra – Transmissões
Artur Alfama – Vaguemestre
José Jorge – Mecânico Auto
Luis Tomé – Enfermeiro







AQUARTELAMENTO

Foto nº 5:

A - Casernas/Abrigo
B - Caserna/Abrigo dos Oficiais
C - Secretaria/Depósito de Géneros e Secretaria
D - Bar dos Soldados/Enfermaria/Gabinete Médico
E - Comando/Alojamento do Comandante e Bar de Oficiais
F - Bar dos Sargentos
G -Transmossões
H - Capela
I - Messe
J – Cozinha/Padaria
K - Escola
L - Paiol
M – Motor/Gerador
N – Abrigos de Morteiro 10,7
O – Campo de Futebol/Pista de Aviação
P – Heli-Porto
Q – Trilho para Gadamael por onde fugiu Coutinho Lima
R – Caminho de Garrafas feito pela C.Caç. 3325 (fotos 11/15/16)
S - Monumento aos Mortos feito pela C.Caç.3325 (fotos 13/14)
T – Avioneta que reconstruímos c/palmeira e lona (fotos 4/9/10)
X – Abrigo das Peças de Artilharia 11,4 (foto 19)
Sobre a Caserna/Abrigo (A) situada junto ao Abrigo dos Oficiais, estavam marcadas todas as direcções das Bases de Fogos do IN.


Chegados a 31/JAN/71 a Guilege, onde fomos render a C.CAÇ. 2617 que acabava a sua comissão neste Aquartelamento e ia ser transferida para Quinhamel, efectuámos uma sobreposição de 16 dias, realizando-se em 07 de Fevereiro a transmissão do Comando e daí a transferência da responsabilidade da Zona.
A C.CAÇ. 3325 recebeu como reforço o 5º Pelotão de Artilharia pertencente à G:A.7 que já se encontrava do antecedente em Guileje, comandado pelo Alferes Cristina.

Era uma zona particularmente difícil, com sérios problemas em todos os aspectos, onde a iniciativa pertencia de um modo geral ao inimigo, dado o grande potencial em efectivos e os meios que dispunha na região, dentro e fora do Território Nacional, e, pelo seu isolamento, Guileje só podia ter auxílio em caso de necessidade e rapidamente, através do apoio aéreo, e mesmo esse, só durante o dia.
O Inimigo circulava com um certo à vontade dentro da zona ou nas suas proximidades, utilizando inclusive viaturas no Corredor de Guileje, para as suas deslocações e transporte de material.
Procurou-se por isso, dentro dos condicionalismos impostos e dentro do princípio da economia de meios, ir progressivamente alargando as áreas de acção nas patrulhas que se iam realizando, podendo garantir-se ao fim de 3 meses, que não havia inimigo instalado na zona, o que se podia considerar excelente.
Nas primeiras flagelações sofridas, o pessoal reagiu bem de um modo geral e com calma, sem atropelos, nunca evidenciando sinais de pânico, embora logo no dia seguinte à nossa chegada a Guileje, tivéssemos sofrido uma flagelação com Morteiros 120 mm perfurante e Foguetões 122 mm.
A preocupação constante do comando era, a partir dessa altura a mentalização das tropas e a ocupação do tempo livre.

Para o nosso reabastecimento, existia ùnicamente uma Picada entre Gadamael e Guileje, só utilizável após a época das chuvas e da intensa desminagem. Convém assinalar que estivemos isolados sem reabastecimento por terra, durante 5,5 meses. Até ovos nos foram lançados de pára-quedas. Durante o mês de Março os reabastecimentos faltaram, ficando a tropa cerca de 15 dias a alimentar-se exclusivamente de pão e conservas. Também faltou a gasolina durante 8 dias, o que se reflectiu na actividade operacional, pois o pessoal teve de ser todo empregue no transporte a braço de água e lenha.

Todo o pessoal se encontrava bem instalado em abrigos-caserna (alguns em conclusão) à prova de 120 perfurante, com excepção de um Grupo, pois estava ainda a ser construido a caserna/abrigo que lhes era destinado.



Foto nº 6:

Uma Caserna/Abrigo acabada de construir



















A actividade da Companhia, visava evitar que o IN se instalasse dentro da nossa Zona de Acção, procurando o contacto com ele, e criar-lhes insegurança para se evitarem flagelações frequentes ao Quartel, tanto pela execução frequente/diária de acções, como utilizando a Artilharia e os Morteiros Pesados para bater a zona, e ainda manter o itinerário de reabastecimento livre. A Artilharia tinha instaladas 3 peças (Obus 11,4).






No dia 02 de Fevereiro de 1971, fomos visitados por Sua Exa, o General Comandante-Chefe António Spínola. No Brifen que se seguiu com todos os Oficiais, S. Exa. o General Spínola afirmou que, apesar de termos sido enviados para esta zona de guerra, e da inexperiência em combate, pois tratava-se de uma Companhia nova, confiava plenamente nas nossas tropas. Disse também, que iria acompanhar de perto a nossa actividade militar, pois iríamos enfrentar uma zona muito difícil.
Está mais que provado de facto, que era a zona mais difícil de toda a Guerra do Ultramar.





No dia 05 de Fevereiro de 1971, fomos visitados pelo Comandante-Adjunto, Brigadeiro José Luís Ramires, e pelo Chefe e alguns Oficiais da Repartição de Operações do Comando Chefe.






















Fotos nº 7/8 - Pista de Guileje com algumas visitas militares: Na primeira, podemos ver da direita para a esquerda: o Alf. Cunha, Eu, o Capº Parracho ao centro, Alf. Cristina e Alf. Almeida, com alguns Oficiais Superiorers de Bissau. Na outra foto, podemos ver à direita o Alf. Rodrigues, Alf. Cristina, o Capº Parracho ao centro e o Alf. Almeida, com dois pilotos e com o nosso Guia Abdulai Jaló.



.....e ainda a visita da Família do Comandante da Companhia





ACTIVIDADE OPERACIONAL



De 31 de Janeiro até 29 de Abril de 1971, a C.CAÇ. 3325 “COBRAS” realizou 44 patrulhas sem dia nem horas certas.
Como se tratava de uma ZICC (zona de intervenção do Comando-Chefe), trocávamos informações operacionais constantes com aquele Comando.
Foi descoberta entretanto mais uma Base de Fogos do IN em Paroldade.
O moral das tropas estavam em alta, o que nos ajudava na nossa actividade operacional.
Procurou-se dentro deste período, realizar algumas acções ao “Corredor de Guileje” e sem qualquer tropa especial, o que conseguimos, e isso teve efeitos altamente moralizantes sobre as nossas tropas.
Mas para isso, foi necessário obter a autorização do Comando-Chefe, que para isso exigiu a colocação de um Heli-Canhão no Quartel, pois contràriamente ao que era hábito, o “Corredor de Guileje” era visto pelos Oficiais de Bissau (de gabinete), como local praticamente inacessível a tropas que não fossem especiais (Comandos e Pára-quedistas).

A ocupação dos tempos livres, consistia, na limpeza à volta do Quartel, na construção e pintura dos postes de electricidade e abrigos (logo que tivemos cimento, construímos postes para colocar à volta de todo o Quartel), na colocação de arame farpado novo, na construção e pintura de um muro de barris e bidons do lado da pista, na construção de um caminho de garrafas de cerveja em direcção à pista de aviação, na construção de uma porta de armas à entrada da pista, e na construção de um monumento aos mortos e feridos no mesmo local.














Fotos nº. 9/10 - Vista da nova rede de arame com postes novos e pintados, e do Avião DO-27 que ali se encontrava caído, e que reconstruímos com rolos de palmeira e lona.






Foto nº 11



Eu, e ao fundo a porta de armas com o abrigo e os bidons e barris pintados e vê-se o caminho das garrafas.














Foto nº 12



- O Nosso Guia Abdulai Jaló, Alferes Rodrigues e o Capitão Parracho.














..





















Fotos nºs. 13/14 - O monumento aos mortos e feridos, que construímos junto à Pista. Ao fundo vemos a parede de barris e bidons pintados.










Num Quartel daqueles, num sítio daqueles, sempre que chegava um avião com visitas (civis ou militares), era bonito ver os dois soldados (um europeu e outro africano) devidamente fardados, de lenço ao pescoço amarelo, fazer a devida continência!
Como era possível num local daqueles, as tropas andarem dentro do Quartel, devidamente fardadas e lavadas, e disputarem rijos jogos de futebol no campo junto à pista e fora do arame??
Mas era verdade. Havia tempo para tudo, sob o comando do nosso “Capitão Velhinho”, como os nossos soldados carinhosamente lhe chamavam.





















Fotos nºs. 15/16 -Porta de Armas para a Pista e visitas a Guileje - (Podemos ver da direita para a esquerda, o Alf.Rodrigues, Alf. Tavares (CPC), o Capº Parracho no meio, Alf. Cristina e Eu à esquerda, com os Pilotos da DO.






Quanto mais depressa fossemos atacados, mais depressa saíamos para o mato. Não ficávamos a ver os comboios, e a coçar na barriga com medo.




De 01 a 29 de Maio de 1971, realizámos mais 16 patrulhas.

Neste período há a assinalar especialmente o facto dos poços onde as NT se abasteciam de água na Bolanha terem secado, o que originou até mais de meados do mês sérios problemas. Procedemos então à abertura de uma picada até ao Rio Caconde que permitiu o trânsito de viaturas, ficando assim o assunto solucionado.
A actividade operacional das NT foi orientada no sentido de manter livre o itinerário Guileje-Gadamael, atendendo às colunas de reabastecimento que se iam realizar antes da época das chuvas.
Já no fim deste período, foi descoberto uma nova Base de Fogos do IN.
O moral do nosso pessoal foi no entanto afectado pelo suicídio do Furriel de Transmissões.
Os tempos livres dos nosso militares continuaram a ser, a limpeza do Quartel, o seu melhoramento exterior (embora lento por falta de materiais) e a prática de algum desporto.






De 01 a 30 de Junho de 1971, realizámos mais 21 patrulhas.

Neste período, há a assinalar o corte de comunicações com Gadamael em virtude das chuvas torrenciais que caíram, ficando a Companhia totalmente isolada e ùnicamente com ligações aéreas, situação esta que se iria manter até fins de Novembro.
Entretanto fomos informados, de que o IN tinha sido reforçado na nossa Zona de Acção por um pelotão de Sapadores Cubanos, o que nos veio alertar para a possível montagem de Minas e Armadilhas, uma vez que o IN não nos enfrentava por medo da nossa actuação.
E na continuação da picagem da estrada Guileje-Gadamael para a realização das colunas de reabastecimento, foi detectada pelo meu Grupo, uma Mina Anti-Pessoal PMD-6. Procedi ao seu levantamento e mais à frente, quando já tínhamos passado 17 pelo mesmo local, o 18º (Soldado Vera Cruz) calcou uma mina A/P, ficando gravemente ferido, tendo sido transportado para o Hospital Militar de Bissau.
No dia seguinte, imediatamente realizámos outra acção ao mesmo itinerário, tendo-se levantado mais 7 minas do mesmo tipo, o que contribuiu para uma elevação do moral da Companhia.








Foto nº 17 - O Furriel Noronha quando tentava o levantamento de uma mina A/Carro TMD
na Picada que vai de Guileje a Gadamael.






Através da Artilharia, o 15º PELART bateu por diversas vezes o “Corredor de Guileje ” tendo causado muitas baixas ao IN o que, segundo informações recebidas, causou grandes problemas às suas colunas.
O período foi essencialmente caracterizado por um intenso esforço logístico, tanto no aspecto de transporte como no de um melhoramento, aumentos e construções de depósitos e paióis, conseguindo-se com grande esforço do pessoal uma sensível melhoria na armazenagem, de géneros, artigos de cantina e munições. Em outros sectores, também se fizeram beneficiações como seja no Centro de Transmissões, Centro de Cripto, Sala do Soldado e Padaria.








De 01 a 31 de Julho de 1971, foram realizadas mais 18 acções de combate.

A actividade do IN aumentou durante o período, principalmente no que se refere à implantação de Engenhos Explosivos, visando cortar ou pelo menos dificultar as ligações entre Guileje e Gadamael, confirmando-se assim as informações que havia sobre as possíveis acções sobre aquele itinerário. O esforço do IN teve lugar porém quando já não se realizavam mais colunas auto, em virtude das más condições da estrada. E pela primeira vez o IN aplicou na nossa Zona de Acção, Minas Anti-Carro.
Verificámos pois que o IN pretendia fixar as NT, imobilizando-as, também à custa de minas Anti-Pessoal e Armadilhas que ia implantando em grande percentagem na Z.A.. Assinale-se que desde princípio de 1970 até Junho de 1971, nunca tinham sido detectadas minas na Z.A. da Companhia.
De assinalar também o volume de fogo usado pelo IN na flagelação ao Aquartelamento no dia 29, e que a mesma tinha sido dirigida por Cubanos, conforme conversas captadas pelos nossos rádios e posteriores declarações de um prisioneiro.


Foto nº 18 -Em 10/0//71 foram lançados até ovos foram lançados por pára-quedas, e nem um se partiu.





Numa outra acção realizada àquela estrada, e embora devidamente avisados para não saírem da picada, um soldado, nas minhas costas, saiu para se instalar à sombra e infelizmente calcou uma mina, ficando gravemente ferido, vindo a falecer já em Bissau, o que afectou o moral do pessoal.
No dia seguinte, de imediato foi realizada outra acção ao mesmo local, tendo sido encontradas e levantadas então 5 Minas A/P PMD-6, 3 Minas Plásticas, 2 Armadilhas A/P e 1 Mina A/C TMD.
De salientar que só com uma picagem muito criteriosa, conseguimos descobrir a primeira Mina Plástica. Passava pois despercebida, com uma picagem normal.
Pelo seu interesse militar, foi tentada a desmontagem de uma dessas minas, o que se conseguiu. O estudo foi feito com esquema, e difundido de imediato por todo o TO da Guiné.
Salienta-se que estas minas A/P Plásticas (cor verde) foram as primeiras a serem detectadas e levantadas no TO da Guiné. Destruíram-se também 3 Minas A/C TMD que se encontravam armadilhadas.
Estas acções e principalmente a acção sobre o “Corredor de Guileje” na Zona de Intervenção do Comando Chefe (ZICC) visando a implantação de Minas A/C e A/P, fizeram subir consideravelmente o moral do nosso pessoal.

Como se tratava de uma zona onde só costumavam actuar as tropas especiais, e onde todas as noites e dias andava a nossa aviação a bombardear, era uma zona totalmente desconhecida das NT. No entanto, como queríamos demonstrar ao IN que quem mandava na nossa Z.A. éramos nós, solicitámos a devida autorização e embora admirados, a REP-OPER em Bissau autorizou-nos.
E com o auxílio de uma bússula conseguimos por fim atingir o objectivo. Na picada, viam-se sinais de rodados recentes, prova da utilização no “Corredor de Guileje”de viaturas. Quando o pessoal se encontrava a montar as Minas, apareceu vindo da Rep. da Guiné um Grupo de cerca de 20 elementos camuflados e armados. As nossas tropas abriram fogo, pondo o IN em fuga depois de trocar alguns tiros. O IN abandonou no local várias peças de vestuário, comida, utensílios vários e correspondência, alguma dela do Chefe da Base de Kandiafara e de elementos Cubanos.

Continuaram neste período a realizar-se beneficiações nas instalações dos Oficiais, Sargentos e Praças, além de se comprarem gira-discos, violas e vários jogos para entretenimento do pessoal.
Lutou-se porém, com grande dificuldade no que respeita a alimentação e transportes, como consequência do isolamento.












Um dos poucos momentos de descanso no Bar de Oficiais:
Alf. Rodrigues, Alf. Cunha, Capº Parracho e Alf. Cristina.









De 01 a 31 de Agosto de 1971, realizámos mais 22 operações.

Neste período as Bases de fogos do IN devido às chuvas, só podiam ser utilizadas para flagelações com Canhão S/R.
Continuaram a realizar-se operações a todas as Zonas de Acção da Companhia, embora nalguns locais a água já atingisse o metro e meio de altura.
Não de confirmaram as notícias de um incremento da actividade do IN. Continuaram isso sim a implantar Minas A/P embora já com menos intensidade, por medo das nossas tropas, pois aparecíamos a qualquer hora de qualquer dia.
Numa das reacções a flagelações o IN teve muitas baixas. Na Base de fogos do IN foram encontrados vários rebentamentos da nossa Artilharia e Morteiros Pesados.





















Foto nº 19 - Junto a uma das três Peças 11,4 – O Alf. Acácio (Médico), Alf. Rodrigues, Alf. Cristina (Comandante do Pelotão de Artilharia), Alf. Tavares (CPC), Eu e o Cap. Parracho.





A actividade operacional das nossas tropas, esteve orientada para o levantamento de algumas Minas e Armadilhas colocadas pelo IN nos acessos às suas Bases de Fogos e locais de passagem, na montagem de minas nos itinerários do IN, e em patrulhar com intensidade a Z.A. na região Este, para tentar detectar novas Bases de Fogos do IN e criar-lhes insegurança aos seus movimentos.
Levantaram-se neste período 3 Minas A/P e implantaram-se 7 Minas A/P.
Causámos várias baixas ao IN numa reacção a uma flagelação.
Devido ao cansaço e às doenças, o pessoal operacional está reduzido a 71%, não sendo a alimentação (em virtude da situação isolada da Unidade), compatível com o esforço operacional exigido e com o trabalho em melhoramentos no Quartel, tanto na parte da defesa, como no do bem estar das tropas.
Em consequência da maneira deficiente com que se processa o reabastecimento de Guileje, apareciam várias deteriorações, violações e faltas de toda a espécie, tendo o Comando problemas administrativos extremamente graves. Como consequência da situação, foi o assunto exposto ao Comandante do Batalhão 2930 sito em Catió, de que dependíamos.

Em resumo podemos dizer que, apesar de tudo, continuámos a manter o total controle da Z.A. e que a actividade do IN, devido à pertinácia das NT em não se deixarem fechar no Quartel, conjugada com a implantação de Minas e com as baixas causadas ao IN no período, devem ter contribuído para que não se confirmasse o aumento da sua actividade, e ainda que, tal como no período anterior, a falta de pessoal e a alimentação estivessem a afectar o rendimento da actividade operacional.





De 01 a 30 de Setembro de 1971, realizámos 17 operações de patrulhamento.

As bases de fogos do IN continuam a ser só utilizáveis por Canhão S/R.
Continuámos a efectuar regularmente patrulhas a toda a Zona de Acção, apesar das chuvas intensas.
O IN continuou a implantar minas A/P furtando-se totalmente ao contacto com as nossas tropas. O único itinerário que o IN utilizava frequentemente era o “Corredor de Guileje”, local onde, num outro reencontro inesperado com as nossas tropas, sofreram assinaláveis baixas.

A actividade operacional das NT neste período, esteve orientada para:
-Levantamento de minas colocadas pelo IN nos acessos às suas bases de fogos e vias de infiltração,
-Colocação de minas nos locais de passagem do IN,
-Patrulhar com intensidade a zona das bases de fogos do IN afim de criar mais insegurança aos seus movimentos no “Corredor de Guileje”, implantar minas e montar emboscadas ao mesmo.
Nesta área tornava-se muito difícil a nossa acção, não só por estar muito bem defendida, mas também por ser intensamente percorrida pelo IN. Daí, termos de procurar sempre itinerários diferentes, para evitar possíveis emboscadas. Acontecia que, por vezes, surpreendíamos o IN pelas costas, e isso tornava-se muito perigoso.
Toda esta actividade causava grande desgaste físico e psicológico na tropa. No entanto procurámos manter o ritmo destas acções, dado o seu extraordinário interesse.

Concluimos mesmo, que a seguir à defesa de Guileje, eram as acções sobre o “Corredor de Guileje” a missão prioritária da Companhia, embora para isso, fosse manifestamente insuficiente uma única Companhia para manter certa continuidade nas investidas sobre o “Corredor”.
Levantámos neste período, 01 mina A/P M3 de fragmentação de fabrico português implantada pelo IN. As NT implantaram 05 minas A/P numa base de fogos do IN e 04 minas A/P no “Corredor de Guileje”.

Os transportes são outro grande problema, devido ao isolamento da Companhia.
Apesar da deficiente alimentação e do cansaço das nossas tropas, conseguimos evitar que o IN circulasse livremente nas vias de infiltração situadas na nossa Zona de Acção, o que ajudava a manter elevado o moral da tropa.




De 01 a 31 de Outubro de 1971, mais 18 operações de patrulhamento.

A actividade directa do IN tem sido nula.
Continua no entanto, a utilizar com frequência o “Corredor de Guileje”, embora certamente com menos à vontade, dado ter accionado várias minas implantadas pelas NT nesse itinerário. Igualmente accionou minas A/P colocadas pelas NT no trilho para Simbeli (perto da fronteira), tendo tido várias baixas conforme vestígios encontrados.

A actividade das NT neste período, esteve orientada no sentido de continuar a criar insegurança ao IN no “Corredor de Guileje”, procurar novos acessos para aquele “Corredor”, continuar a patrulhar com assiduidade as Bases de Fogos do IN, patrulhar com certa frequência a estrada para Gadamael pois iríamos brevemente iniciar as colunas Auto, e na implantação de minas nos locais perto do Quartel passíveis de ser utilizados pelo IN para a instalação de Bases de Fogos.

Neste período, foram efectuadas pela Companhia duas acções ao “Corredor de Guileje”, podendo considerar-se uma delas (acção “PRESTÍGIO”) como a mais dura realizada até então pela Companhia. A patrulha teve a duração de 15 horas, sempre por zonas difíceis, dentro de bolanhas e rios ou por mata densa em locais de contacto eminente com o IN, sendo parte dela realizada na ZICC perto de Salancaur, onde o IN costumava dispor de grandes efectivos. Acrescente-se que o pessoal, durante toda a patrulha, não tomou qualquer alimento, porque as rações que levavam ficaram logo no inicio totalmente inutilizadas pela água. Conseguimos no entanto o objectivo da missão, que era colocar minas no “Corredor de Guileje” num local de passagem habitual do IN, e onde o IN dificilmente admitiria a nossa ida já que segundo informações do Guia, à mais de 5 anos que as NT não iam àquela zona.

Para que não se perdesse inglòriamente o esforço dispendido nesta patrulha até à altura, tornou-se obrigatória a travessia de um braço do Rio Balana, largo e fundo, infestado de Crocodilos (que os soldados desconheciam), mas decisiva para conseguirmos os nossos intentos, possibilitando assim o cumprimento da missão.
Para que isso fosse conseguido, o Alferes Cunha a certa altura, de uma forma destemida e contra o conselho do n/Guia Abdoulai Jaló, lançou-se à água a fim de que os soldados o seguissem. Como o nosso pessoal era de uma maneira geral de baixa estatura, tornou-se necessária a nossa ajuda para que os mesmos efectuassem a travessia, o que conseguimos. Correu tudo bem, montámos as minas A/P planeadas e retirámos de imediato.

O moral das nossas tropas continuava bem, podendo mesmo dizer-se melhor que no período anterior, devido aos êxitos que a Unidade tinha tido, à notícia da nossa rendição por outra Companhia e pela visita de várias entidade militares e de uma equipa da RTP.









Fotos nºs 20/21/22 - Vista aérea de Guileje (como o deixámos)






De 01 a 30 de Novembro de 1971, realizámos mais 21 patrulhas.

O facto mais saliente do período, foi a abertura a viaturas do itinerário para Gadamael, ficando assim quebrado o isolamento em que a Companhia se encontrava à cerca de 5 meses.
Fomos rendidos pela C.CAÇ. 3477, não se notando qualquer incremento de actividade do IN para impressionar esta Companhia, como seria de esperar.

A nossa actividade, continuou orientada para continuar a criar insegurança ao IN no “Corredor de Guileje”, manter em constante vigilância as Bases de Fogos IN e seus itinerários, manter aberta a estrada para Gadamael, e dar a conhecer a Zona de Acção à C.Caç.3477.
Continuámos a manter em tudo a nossa actividade anterior, e o moral da tropa encontra-se em alta.
Para essa moralização, contribuíram em parte as palavras de apreço e incitamento que a Companhia tem recebido das entidades que a visitam, sendo de salientar especialmente as proferidas por Sua Excelência o General Comandante-Chefe, que durante o período visitou por duas vezes Guileje.
Iniciou-se entretanto no período de rendição da Companhia pela C.CAÇ.3477, e a ida para Nhacra do 1º e 2º Grupos de Combate da C.CAÇ.3325, tendo o pessoal daquela Companhia começado a integrar-se muito bem dentro da missão que lhes irá ser atribuída.
A alimentação melhorou com a abertura da estrada, lançamentos em pára-quedas e fornecimento de frescos por avião.

Manteve-se pois sem quebras a actividade operacional, com boa colaboração no final do período da C.Caç.3477, prosseguindo também em bom ritmo os trabalhos de beneficiação da defesa e instalações do Quartel, e podemos afirmar que continuava a ser excelente o moral da Unidade.







Em Dezembro de 1971, realizaram-se em conjunto com a C. Caç. 3477 mais 15 acções.

O IN revelou durante o período grande actividade e agressividade.
Efectuou várias flagelações ao Quartel, ou para desviar as atenções das NT do “Corredor de Guileje” ou ainda para impressionar o pessoal da nova Companhia.
A actividade das NT neste período, foi totalmente orientada no sentido de procurar dar aos Oficiais, Sargentos e Praças da C.Caç. 3477 um conhecimento perfeito de toda a Z.A., bases de fogos IN, itinerários, localização das nossas minas, que foram todas levantadas e tornadas a montar por pessoal daquela Companhia, dando-se inclusivamente instrução ao pessoal dentro do Quartel, de tiro, para adaptação das armas que iam passar a ser distribuídas, e instrução sobre minas e armadilhas, dada a larga difusão destes engenhos na Z.A.




JANTAR NO PALÁCIO – 23/12/72

Finalmente, venho recordar com saudade, o jantar no Palácio do Governador em Bissau, oferecido aos Oficiais desta Companhia após a saída da mesma daquela zona de guerra, e antes do nosso regresso à Metrópole, pelo General António Spínola, em homenagem à nossa actuação militar.

EM RESUMO…

Como se vê, apesar de tudo o que os “Cobras de Guileje” passaram, apesar de todos os mortos e feridos, ninguém ouviu qualquer Oficial, Sargento ou Praça, desta Companhia, vir gabar-se ou pavonear-se em público, quer fosse em Jornais, Rádio ou Televisão.

Pelas fotos aqui inseridas, podemos ver como estava o Aquartelamento quando chegámos e como ficou quando saímos. E tínhamos tempo para jogar à bola e receber visitas por avião.

Seríamos inconscientes?

No Jornal que V. Exa. dirige, e para uma correcta informação dos leitores, antes de serem publicados aqueles artigos, deveriam ter reunido à mesma mesa todos os intervenientes.
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Lembro ainda outro artigo, esse publicado na revista do v/jornal de 24/05/2009, que surge pleno de dramatização e falta de verdade.

Os mortos e feridos merecem melhor!

Da nossa parte, Companhia Independente de Caçadores 3325, bastaria ouvir qualquer Oficial, Sargento ou Praça, que, melhor que ninguém e de uma forma isenta, mostraria ao País o que foi “Guileje”.

Gostaríamos de poder convidar o Sr Jornalista (autor do/s referido/s artigo/s sobre Guileje) a estar presente na nossa próxima reunião anual, que se irá realizar em Maio de 2010, caso seja para isso devidamente autorizado pela redacção do “Correio da Manhã”.

Que foi a pior Zona de toda a Guerra do Ultramar, é o que dizem!
Que Guileje foi o pior quartel de toda a Guerra do Ultramar Português (daí a sua importância), isso também foi.

Está comprovado.

A verdadeira história do Ultramar há-de ser feita, pois ainda há Portugueses com memória e com sentido da verdade.
Só exigimos respeito, principalmente pelos mortos e feridos, igual àquele que nós próprios temos pelos que então eram nossos inimigos.